Esta postagem tem como pano de
fundo contribuir com a reflexão da importância das relações étnico-raciais a
cerca da cultura e diversidade, na tentativa de despertar a atenção da
sociedade e mostrar que estes dois elementos fazem parte do universo do que
entendemos por cultura popular. Para tal, extraiu-se algumas informações da
obra "Relações étnico-raciais: um percurso para educadores", organizada por
Silvério, Mattioli & Madeira.
E aquilo que nesse momento se
revelará aos povos Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado
oculto quando terá sido o óbvio.
(CAETANO VELOSO)
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Como é possível que após tantos
anos de convivência em uma sociedade marcada pelas diferenças culturais, como a
brasileira, um índio, um quilombola sejam ainda tratados com desconhecimento?
Será que, de alguma forma, não afastamos de nós aqueles que consideramos
diferentes e os tornamos exóticos? Esses questionamentos nos levam a pensar
que, antes de discutirmos simplesmente a inclusão do tema da diversidade nos
currículos escolares, temos que refletir sobre a nossa própria postura e
relação às diferenças sociais e culturais.
A nossa formação escolar, na
maioria das vezes, não problematizou a questão da diferença cultural nas
relações sociais. Fomos formados para aceitar que o modelo hegemônico (o
europeu) é o mais correto, o mais evoluído, aquele que devemos alcançar, o que
por diversas vezes nos distanciou daqueles que são diferentes desse modelo. No
nosso caso, os negros, indígenas e homossexuais foram os que mais sofreram os
resultados desse processo. Foram ao mesmo tempo excluídos da condição de ter a
valorização de sua identidade e vítimas de discriminação racial em função de
sua cor e/ou de sua etnia, ou ainda estigmatizados por se afastarem do modelo
de comportamento considerado correto.
Propomos, portanto, discutir a
leitura que fazemos sobre a diversidade e as diferenças. Embora o campo teórico
que discute a alteridade seja vasto, este é um ponto de partida para a
compreensão das relações sociais, problematizando as diferenças. Acreditamos
ser no campo do questionamento e da reflexão que poderemos avançar no respeito
ao outro e no reconhecimento da diferença, e acreditamos ainda que a sala de
aula é o ponto no qual essa reflexão deve culminar. Portanto, esperamos que
esse debate possibilite a todos/as que fazem parte do contexto escolar novas
interpretações para os conteúdos e para as relações cotidianas.
Enfim, considerando o que foi
posto acima, devemos estender essa reflexão não somente no contexto escolar,
mas também dentro do espaço acadêmico no que tange ao corpo docente, discente e
aos técnicos administrativos. Revendo, assim, a nossa visão diante desta
realidade.