Avaliar os processos culturais no Brasil atualmente é em
primeiro lugar, arriscar-se a admitir que somos, por ocasião brasileiros frutos
de um país miscigenado, todavia, profundamente racista e preconceituoso,
incapaz não de valorizar nossas raízes, mas sim de nunca respeitá-las.
Como relatado na música de Paulo César Pinheiro – Toque de Benguela – a mãe África engravidou e pariu a capoeira no Brasil verde e amarelo, mas nesse processo histórico escravagista, acompanhado de mais de 400 anos de sofrimento, por que a visão do ser humano enquanto negro, limita-se apenas a samba e feijoada? Que povo é esse que desconhece Frantz Fanon mas vive a nova Senzala de Gilberto Freyre?
Meus sinceros agradecimentos a Amadou Hampâté Bâ que
valorizou a tradição de conhecimento oral, porque apenas essa explica o peso da
palavra negro em um país onde mais da metade da população é mas não se
reconhece. A falha da aplicação de “consciência negra” estimulada por Steve Biko transpõe a democracia racial de Florestan Fernandes, imperativa na contraditória
realidade social, tornando difícil passar por Antônio Sérgio Alfredo Guimarães
sem ficar profundamente incomodado com essa definição de raça usada como
instrumento social para hierarquização da população.
Por fim, continuamos com nossa “MPB v.1”,
caminhando “na trilha” com T$G, sem “amor em SP” de Criolo, mas nos
motivando em Slam Resistência, se a vida
é loka e nela só estou de passagem, a
única coisa que me resta é uma “carta à mãe África” porque represento “o
soldado que fica” e estou a mais de 70 anos contrariando estatísticas.
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